O olhar crítico

John Dewey dizia que, se um grupo de alunos trocassem ideias, se dialogavam, nesta situação se exaltava a verdadeira Educação. Desta forma, como amante da Educação, resolvi expor meus trabalhos acadêmicos, bem como outros textos, afim de contruir uma realidade mais crítica para a progressividade educacional.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

ALFABETIZAR LETRANDO

O desafio da alfabetização, hoje, é alfabetizar letrando. Além desse conhecimento, o alfabetizador precisa entender que alfabetização é um processo complexo que inicia antes da alfabetização escolar, assumindo-se a escrita pela dimensão simbólica e enfatizando os seus usos sociais. Por meio da mediação do adulto a criança vai identificando a natureza da linguagem escrita, porém a qualidade das interações é que vão determinar as concepções que a criança apresenta sobre a linguagem escrita. É função de a escola dar continuidade a esse trabalho, de forma sistematizada pelo contato com as diversas práticas sociais que participa.
A alfabetização e o letramento, são fundamentos da educação e devem ser encarados como essenciais para que as crianças atinjam um nível satisfatório de compreensão do mundo. É isso que a alfabetização e o letramento fazem, além de demonstrar os signos e símbolos, faz com que compreendamos o mundo em que vivemos.
Na concepção atual, a alfabetização não precede o letramento, os dois processos podem ser vistos como simultâneos, entendendo que no conceito de alfabetização estaria compreendido o de letramento e vice-versa.
Isto será possível se a alfabetização for entendida além da aprendizagem grafofônica e que em letramento inclui-se a aprendizagem do sistema de escrita. A conveniência da existência dos dois termos, que embora designem processos interdependentes, indissociáveis e simultâneos, são processos de natureza diferente, uma vez que envolve habilidades e competências específicas, implicando, com isso, formas diferenciadas de aprendizagem e em conseqüência, métodos e procedimentos diferenciados de ensino.
Assim, a participação das crianças em experiências variadas com leitura e escrita, conhecimento e interação com diferentes tipos e gêneros de material, a habilidade de codificação e decodificação da língua escrita, o conhecimento e reconhecimento dos processos de tradução da fala sonora para a forma gráfica da escrita implica numa importante revisão dos procedimentos e métodos para o ensino, uma vez que cada fase desse processo exige procedimentos e métodos diferenciados, pois cada criança e cada grupo de crianças necessitam de formas diferenciadas na ação pedagógica.
A proposta de alfabetizar letrando rompe defini¬tivamente com a divisão entre o ‘momento de apren¬der’ e o ‘momento de fazer uso da aprendizagem’. Estudos lingüísticos propõem a articulação dinâmica e reversível entre ‘descobrir a escrita’ (conhecimento de suas funções e formas de manifestação), ‘aprender a escrita’ (compreensão de regras e modos de funcio¬namento) e ‘usar a escrita’ (cultivo de suas práticas a partir de um referencial culturalmente significativo para o sujeito).
No alfabetizar letrando, se resgata o papel do professor como mediador, recuperando sua figura de elo entre o educando e a matéria de conhecimento, interferindo no processo sem desviá-lo nem desvirtuá-lo. A interação aluno-conteúdo é um diálogo aluno-mundo mediado pelo professor e por outras pessoas. Nesse contexto, faz-se necessária uma retoma¬da do papel do professor alfabetizador cujo desafio é letrar os alunos por meio do trabalho com atividades de leitura e escrita, executadas no plano da prática so¬cial, portanto em situação de dialogicidade.
Essa nova forma de alfabetizar letrando requer do professor que ele perceba as necessidades de sis¬tematizar o uso, refletindo com a criança sobre este, para garantir que ela saiba usar os objetos de escrita presentes na cultura escolar. Na verdade, o medo existe por não se saber como proceder. Buscam-se receitas, mas a má notícia. É que elas não existem; e a boa notícia é que há indi¬cações de caminhos, e que cada um poderá descobrir o seu.
Antes de o professor querer exercer esse papel de "professor-letrador" é necessário que ele se conscientize e busque ser letrado, domine a produção escrita, as ferramentas de busca de informação e seja um bom leitor e um bom produtor de textos. Mas para que se torne capaz de letrar seus alunos, é preciso que conheça o processo de letramento e que reconheça suas características e peculiaridades.
Alfabetizar letrando significa orientar a criança para que aprenda a ler e a escrever levando-a a conviver com práticas reais de leitura e de escrita; substituindo as tradicionais e artificiais cartilhas por livros, por revistas, por jornais, enfim, pelo material de leitura que circula na escola e na sociedade, e criando situações que tornem necessárias e significativas praticas de produção de textos.
Como já foi dito acima, os alunos já vem para a escola com seus conhecimentos, que não é só o professor q tem algo a ensinar. Hoje em dia o professor além de ter algo a ensinar também aprende muito com os alunos e devemos deixar que eles participassem cada vez mais investigando e chegado as suas próprias conclusões, o professor é mais um auxiliador do conhecimento dos alunos.
Alfabetizar letrando é quando o professor compreende o universo de seu aluno e aplique todo o seu conhecimento e sabedoria com base nessa realidade.
O professor não deve dissociar alfabetização de letramento, pois deve trabalhar com seus alunos de forma simultânea. Para melhorar minha prática pedagógica,é preciso fazer os alunos compreenderem e utilizarem a leitura e escrita nas mais diversas situações do dia-a-dia,a fim de repensar o ensino da língua.

LETRAMENTO

O termo letramento tem sido utilizado atualmente por alguns estudiosos para designar o processo de desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita nas práticas sociais e profissionais. Por que esse termo surgiu? Segundo alguns autores, a explicação está nas novas demandas da sociedade, cada vez mais centrada na escrita, que exigem adaptabilidade às transformações que ocorrem em ritmo acelerado, atualização constante, flexibilidade e mobilidade para ocupar novos postos de trabalho. Os defensores do termo “letramento” insistem que ele é mais amplo do que a alfabetização ou que eles são equivalentes.
Letramento é uma tradução para o português da palavra inglesa “literacy” que pode ser traduzida como a condição de ser letrado. A palavra letramento ainda não está dicionarizada, porque foi introduzida muito recentemente na língua portuguesa, tanto que quase podemos datar com precisão sua entrada na nossa língua, identificar quando e onde essa palavra foi usada pela primeira vez.
Parece que a palavra letramento apareceu pela primeira vez no livro de Mary Kato: No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística, de 1986.
Letramento é o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita. É usar a leitura e a escrita para seguir instruções (receitas, bula de remédio, manuais de jogo), apoiar à memória (lista), comunicar-se (recado, bilhete, telegrama), divertir e emocionar-se (conto, fábula, lenda), informar (notícia), orientar-se no mundo (o Atlas) e nas ruas (os sinais de trânsito).
É o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais e da escrita, ou seja, um conjunto de práticas sociais, que usam a escrita, enquanto sistema simbólico, enquanto tecnologia, em contextos específicos da escrita denomina-se letramento que implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler e escrever para atingir diferentes objetivos, permitir que o sujeito interprete, divirta-se, seduza sistematize, confronte, induza, documente, informe, oriente-se, reivindique, e garanta a sua memória, garantindo-lhe a sua condição diferenciada na relação com o mundo. Compreender o que se lê.
Na ambivalência dessa resolução conceitual, encontra-se o desafio dos educadores em face do ensino da língua escrita: o alfabetizar letrando. Desenvolvendo a necessidade de associar a teoria e prática.
O letramento tem início quando a criança começa a conviver com as diferentes manifestações da escrita na sociedade e se amplia cotidianamente por toda vida, com a participação nas práticas sociais que envolvem a língua escrita. Abarca as mais diversas práticas de escrita na sociedade e pode ir desde uma apropriação mínima da escrita, tal como o indivíduo que é analfabeto, mas letrado na medida em que identifica o valor do dinheiro e o ônibus que deve tomar, consegue fazer cálculos complexos, sabe distinguir marcas de mercadorias etc., porém não escreve cartas, não lê jornal, etc. Se a crianças não sabe ler, mas pede que leiam histórias para ela, ou finge estar lendo um livro, se não sabe escrever, mas faz rabiscos dizendo que aquilo é uma carta que escreveu para alguém, é letrada, embora analfabeta, porque conhece e tenta exercer, no limite de suas possibilidades, práticas de leitura e de escrita.
Para dizer que uma pessoa é letrada é quando faz uso das habilidades de ler e escrever inserindo um conjunto de práticas sociais, não apenas no conhecimento das letras e do modo de associá-las, mas usar esse conhecimento em benefício de formas de expressão e comunicação, reconhecidas e necessárias em um determinado contexto cultural, letramento depende da alfabetização, ou seja, da teoria e prática, pessoas letradas e não alfabetizadas mesmo incapazes de ler e escrever compreendem os papeis sociais da escrita distinguem gêneros ou reconhecem as diferenças entre a língua escrita e a oralidade.

ALFABETIZAÇÃO

É tomar o indivíduo capaz de ler e escrever. A alfabetização se ocupa da aquisição da escrita, por um indivíduo ou grupo de indivíduos. É o processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja: o domínio da tecnologia, técnicas para exercer a arte e ciência da escrita.
A alfabetização é um processo no qual o indivíduo assimila o aprendizado do alfabeto e a sua utilização como código de comunicação. Esse processo não se deve resumir apenas na aquisição dessas habilidades mecânicas (codificação e decodificação) do ato de ler, mas na capacidade de interpretar, compreender, criticar e produzir conhecimento. A alfabetização envolve também o desenvolvimento de novas formas de compreensão e uso da linguagem de uma maneira geral.
Ela tem sido entendida tradicionalmente como um processo de ensinar e aprender a ler e escrever, portanto, alfabetizado é aquele que lê e escreve. O conceito de alfabetização para Paulo Freire tem um significado mais abrangente, na medida em que vai além do domínio do código escrito, pois, enquanto prática discursiva possibilita uma leitura crítica da realidade, constitui-se como um importante instrumento de resgate da cidadania e reforça o engajamento do cidadão nos movimentos sociais que lutam pela melhoria da qualidade de vida e pela transformação social. Ele defendia a idéia de que a leitura do mundo precede a leitura da palavra, fundamentando-se na antropologia: o ser humano, muito antes de inventar códigos lingüísticos, já lia o seu mundo.
A alfabetização de qualquer indivíduo é algo que nunca será alcançado por completo, ou seja, não há um ponto final. A realidade é que existe a extensão e a amplitude da alfabetização no educando, no que se diz respeito às práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita. Nesse âmbito, muito estudiosos discutem a necessidade de se transpor os rígidos conceitos estabelecidos sobre a alfabetização, e assim, considerá-la como a relação entre os educandos e o mundo, pois, este está em constante processo de transformação.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

FILHOS BRILHANTES ALUNOS FASCINANTES

Bons filhos conhecem o prefácio da história de seus pais Filhos brilhantes vão muito mais longe, conhecem os capítulos mais importantes das suas vidas.

Bons jovens se preparam para o sucesso. Jovens brilhantes se preparam para as derrotas. Eles sabem que a vida é um contrato de risco e que não há caminhos sem acidentes.

Bons jóvens têm sonhos ou disciplina. Jovens brilhantes têm sonhos e disciplina. Pois sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas, que nunca transformam seus sonhos em realidade, e disciplina sem sonhos produz servos, pessoas que executam ordens, que fazem tudo automaticamente e sem pensar.

Bons alunos escondem certas intenções, mas alunos fascinantes são transparentes. Eles sabem que quem não é fiel à sua consciência tem uma dívida impagável consigo mesmo. Não querem, como alguns políticos, o sucesso a qualquer preço. Só querem o sucesso conquistado com suor, inteligência e transparência. Pois sabem que é melhor a verdade que dói do que a mentira que produz falso alívio. A grandeza de um ser humano não está no quanto ele sabe mas no quanto ele tem consciência que não sabe.

O destino não é frequentemente inevitável, mas uma questão de escolha. Quem faz escolha, escreve sua própria história, constrói seus próprios caminhos.

Os sonhos não determinam o lugar onde vocês vão chegar, mas produzem a força necessária para tirá-los do lugar em que vocês estão. Sonhem com as estrelas para que vocês possam pisar pelo menos na Lua. Sonhem com a Lua para que vocês possam pisar pelo menos nos altos montes. Sonhem com os altos montes para que vocês possam ter dignidade quando atravessarem os vales das perdas e das frustrações. Bons alunos aprendem a matemática numérica, alunos fascinantes vão além, aprendem a matemática da emoção, que não tem conta exata e que rompe a regra da lógica. Nessa matemática você só aprende a multiplicar quando aprende a dividir, só consegue ganhar quando aprende a perder, só consegue receber, quando aprende a se doar.

Uma pessoa inteligente aprende com os seus erros, uma pessoa sábia vai além, aprende com os erros dos outros, pois é uma grande observadora.

Procurem um grande amor na vida e cultivem-no. Pois, sem amor, a vida se torna um rio sem nascente, um mar sem ondas, uma história sem aventura! Mas, nunca esqueçam, em primeiro lugar tenham um caso de amor consigo mesmos.

Augusto Cury

10 ideias para você se sentir muito bem

1. Dedique 10 minutos todos os dias para pensar em SI, na sua maneira ser e estar na vida, exercitando o seu auto-conhecimento, procurando fragilidades e redescobrir forças e talentos há muito não usados.

2. Aplique 5 minutos todos os dias para se soltar, deixar sair a criança que há em si (brinque com seus filhos, cante, desenhe figurinhas, escreva um poema a seu cônjugue ou a seus filhos, ou outras actividades semelhantes).

3. Reserve uma hora por dia (à noite, por exemplo) para LER um bom livro ou VER um bom filme ou programa de TV (isto implica que não fique a ver telenovela ou programinhos feitos para grangear audiências).

4. Páre 10 vezes por dia para fechar os olhos e descansar sua visão durante um minuto. Se for chefe ou empresário, convide seus colaboradores a aplicar essa técnica para relaxar os olhos e o pensamento (com olhos fechados, o cérebro gera mais ondas elétricas alfa que o ajudam a descansar).

5. Por cada 2 horas de trabalho consecutivas faça uma pausa de 10 minutos. Saia de seu lugar, vá conversar com um colega, olhe pela janela, deixe que a sua visão se estenda pela paisagem. Se puder, saia para a rua, dê um pequeno passeio descontraído. Seu stress desce e fica pronto para mais uma etapa de 2 horas. A sua produtividade vai aumentar. E vai ganhar tempo e saúde!

6. Por cada hora de trabalho na secretária ou no computador páre para distender seus braços e músculos do pescoço; evitará muitas dores nas costas, enxaquecas e pressão.

7. Seja um pessoa legal! Diga BOM DIA com entusiasmo e um sorriso. Diga a toda a gente que se cruzar com você, até estranhos. Faça-o com elegância e moderação para que sua saudação seja aceite como gesto de simpatia! As suas emoções vão ficar mais serenas e se sentirá feliz por saudar vivamente as outras pessoas.

8. Definitivamente, se ainda não o fez, cuide de sua dieta. Obrigue-se a ingerir alimentos variados e saudáveis. Diga NÃO a comida salgada ou muito doce. Beba água ou sucos naturais. Seu corpo e sua mente vão desintoxicar e aumentar sua capacidade de resolução de problemas. Sua saúde geral vai também aumentar.

9. Respire bem! Faça exercício todo o ano, pratique jogging, marcha ou frequente um ginásio. Duas ou três vezes por dia faça exercícios suaves de inspiração e expiração para aumentar sua vivacidade. O cérebro necessita que você respire bem. É vital!

10. Pratique sua educação emocional e social. Dedique-se a causas em que você e os outros possam beneficiar do contacto. Participe em foruns, inscreva-se num clube cultural, exercite a amizade com quem gostar.

Nelson S. Lima/Augusto Cury

Verdades da Profissão de Professor (PAULO FREIRE)

Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.
A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

SER ALUNO HOJE

O aluno é um agente social que leva para a escola uma série de experiências acumuladas em casa, no trabalho, no clube, na igreja, etc. Essas experiências do cotidiano tornam o aluno capaz de reelaborar os conceitos emitidos pelo professor. É nessa contraposição entre a experiência do professor e a experiência do aluno que o conhecimento se faz. Ser aluno hoje é ser agente de elaboração do conhecimento e isso só acontece quando o aluno debate, exige do seu professor, quando o questiona.

Atualmente está sendo difícil concentrar o aluno em sala de aula com exercícios copiados da lousa, onde o aluno fica o tempo todo copiando, ouvindo o professor. O aluno vem com uma bagagem muito grande de conhecimento, principalmente no que diz respeito a novas tecnologias.

Alguns alunos de hoje não estão interessados em aprender e sim alcançar a média para passar de ano, pois aprender se tornou uma obrigação e não um desejo. Para outros, os alunos de hoje têm estabelecido compromisso com o aprendizado, isto que ele adquiriram o que por muitos anos lhes foram negado o direito de voz, hoje os alunos se expressam livremente, expõem suas opiniões, e isto faz com que os alunos tenha vontade de aprender existindo um compromisso com o seu aprendizado, visto que este se faze por intermédio do próprio aluno.

Há duas classes bem distintas em relação aos alunos de ensino Fundamental e Médio. Os alunos ricos e os alunos pobres. Os alunos ricos estudam na rede particular. Com certeza os filhos dos políticos, industriais, juristas, grandes comerciantes (nobreza e alta burguesia em geral) recebendo como de costume ensino de primeira qualidade, em escola de primeira qualidade, com professores de alto nível, para que o domínio desta "casta nacional" seja perpetuado. Enquanto isso, os alunos pobres (dominados e oprimidos), que estudam na rede pública. Os alunos pobres só querem estudar para "ser" alguém na vida, mesmo que "ser" alguém signifique ser usado e tratado como "coisa" para produzir "coisas", que acabam dando grandes lucros para os seus "proprietários".

Ao chegar ao Ensino Superior, acontece o reverso. O aluno que estudou em Escola Particular, por receber uma Educação, 'melhor', ou seja, uma didática tecnicista, se sobressai melhor que o aluno da Escola Publica nos vestibulares, e desta forma, permanece no ensino Superior em Universidades Publicas ou Federais, que possuem um melhor reconhecimento pelo ENADE. Enquanto as vagas nas Federais se esgotaram, resta ar ao aluno público as Faculdades Particulares, onde os vestibulares são mais fáceis e acessíveis.

O Aluno superior sofre muito também. Possuem falta de interesse, de motivação ou de comprometimento com a própria aprendizagem; passividade, individualismo. Interesse na nota e em passar de ano e/ou obter diploma; falta de disciplina, hábitos de estudo insuficientes. Também há fatores negativos referentes à escolaridade anterior: nível de conhecimento ou pré-requisitos insuficientes para acompanhar a graduação; dificuldade na interpretação, redação e leitura; dificuldade de raciocínio, falta de senso-crítico; falta de tempo para estudar, com pouco contato extraclasse e principalmente o aluno trabalhador.

SER PROFESSOR HOJE

Ser professor hoje é uma tarefa bem difícil, mas prazerosa, pois ele precisa se dedicar, e muito, aos estudos, a pesquisa, ao seu desenvolvimento profissional e aos seus alunos.A profissão docente é uma das mais difíceis, pois temos desafios todos os dias, como ensinar o aluno a pensar, a pesquisar, etc.

Poucas profissões, em todo o mundo, gozam de tanto prestígio junto à sociedade quanto os professores. Transmitir conhecimento, a crianças ou adultos, é tido como uma bela 'vocação' pela maioria das pessoas. Como toda a sociedade, porém, o trabalho realizado pelos docentes sofreu profundas alterações nos últimos anos. As bases para as transformações estão na própria evolução vivida no mundo. E não apenas tecnológica, mas também de comportamento, pedagógica, na administração do ensino, no comportamento dos alunos e no reconhecimento pelo trabalho.

A situação atual dos professores é semelhante ao século XVIII, em relação ao salário pago. O salário médio do professor brasileiro em início de carreira é o terceiro mais baixo em um total de 38 países desenvolvidos e em desenvolvimento comparados em um estudo da UNESCO.

"Segundo o estudo, apenas Peru e Indonésia pagam salários menores a seus professores no ensino primário - que equivale a 1ª à 6ª série do ensino fundamental - do que o Brasil. O resultado do Brasil melhora um pouco quando se compara os salários no topo da escala de professores do ensino médio. Nesse nível de ensino, há sete países que pagam salários mais baixos do que o Brasil, em um total de 38". (GOIS, 2009).

Com os baixos salários oferecidos no Brasil, poucos jovens acabam seguindo a carreira. Outro problema é que professores com alto nível de educação acabam deixando a profissão em busca de melhores salários. O Brasil é um dos países com o maior número de alunos por classe, o que prejudica o ensino, isto é, existem mais de 29 alunos por professor no Brasil.

Em outra situação, ser professor tem sido mais uma vivencia de dor do que de dom. A violência nas Escolas ultrapassou todos os limites. Os alunos em geral tem uma grande noção sobre os seus direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, dando-lhes a liberdade no ambiente escolar. No final a violência sobra para todos os membros da comunidade escolar. As pessoas não entendem que junto com o direito vem o dever da obrigação e do respeito humano. Porém nem os pais de alunos e muito menos os alunos entendem essa dinâmica social.

A lousa, o caderno, o lápis e a borracha, tão comuns à sala de aula, não é de hoje convivem com o porte de armas, a atuação de gangues e do tráfico de drogas, o furto e a agressão física e verbal.

Segundo a revista Veja (17 de Junho 2009), 46% dos professores dizem que sua maior dificuldade é conter a indisciplina e despertar a atenção dos alunos; 52% admitem atitudes agressivas com os estudantes, tendo sido irônicos ou rudes; 47% já sofreram agressões verbais na sala de aula e 11% chegaram a ser agredidos fisicamente.

A violência que ronda as escolas atinge todas as classes sociais, mas é mais presente nos bairros mais carentes. O motivo, segundo os especialistas, é a falta de estrutura familiar e a carência financeira e muitas vezes afetiva que levam a uma degradação dos valores morais e éticos que norteiam a sociedade.

Outra dificuldade que os professores encontram é que muitos destes são especialistas em uma área e lecionam em uma outra, devido a falta de professores.Ou seja, são professores que se formaram em outras áreas e estão nas salas de aula, ensinando coisas que não estudaram na graduação. A situação mais crítica é na disciplina de artes, seguida de geografia, matemática e língua estrangeira.

Embora o próprio governo tenha tomado iniciativas para melhorar o nível dos professores, os grandes agentes de transformação têm sido os próprios. A rotina vivida dentro da sala de aula tem levado os docentes a repensar métodos pedagógicos, instrumentos de ensino, uso de tecnologias e o relacionamento com os alunos.

Apesar de todos esses aspectos negativos que envolvem a classe docente, ser professor deve ser muito mais um dom que a própria dor. Ser professor hoje é viver intensamente o seu tempo com consciência e sensibilidade. Não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem educadores. Os educadores, numa visão emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento e em consciência crí­tica, mas também formam pessoas.

A EDUCAÇÃO HOJE NO BRASIL

Muito já se falou sobre a Educação no Brasil. A Educação em todas as suas dimensões é um desafio. Paulo Freire dizia que não se pode falar de Educação sem falar de amor. O Amor que é um sentimento próprio, terno, quebra paradigmas, barreiras e nos move para a construção de um mundo mais humano e educativo.

Desta maneira, a Educação no Brasil teve personagens ilustres, que souberam amar, e que fizeram ser o que é a Educação hoje, que vivenciamos que continuamos a vivenciar no dia-a-dia.

A formação do Brasil implica necessariamente na estruturação de nosso modelo de ensino porque desde os primeiros anos de nossa descoberta sofremos da falta de estrutura e investimento nessa área. Contudo, aparece o problema do modelo pedagógico adotado nos dias atuais. Neste aspecto ocorre uma polarização ou seja, as posturas mais adotadas em nosso país são justamente a pedagogia tradicional (método fonético) e a escola nova (construtivismo).

De um lado está a escola tradicional, aquela que dirige que modela, que é 'comprometida'; de outro está a escola nova, a verdadeira escola, a que não dirige, mas abre ao humano todas as suas possibilidades de ser. É portanto, 'descompromissada'. É o produzir contra o deixar ser; é a escola escravisadora contra a escola libertadora; é o compromisso dos tradicionais que deve ceder lugar à neutralidade dos jovens educadores esclarecidos

Aparentemente temos a impressão de que o grande problema de nossa deficiência educacional se resume a o problema da rigidez do modelo tradicional de ensino, mas ao aprofundarmos nossa investigação constáramos que a péssima qualidade de ensino presente nas escolas do Brasil acontece devido, em parte tanto a falta de estrutura educacional adequada como pela desestruturação das poucas bases presentes na pedagogia tradicional, causada pela critica dos escolanovistas, que acreditavam piamente que puramente pela crítica se atingiria uma melhoria no aprendizado.

A escola tradicional procurava ensinar e transmitia conhecimento, a escola nova estava preocupada em apenas considerara o aprender a aprender. A escola não pode e não deve continuar da mesma maneira, usando métodos tradicionais e alheios as novas mudanças.

Mas a diferença entre a escola tradicional e nova, não o maior problema na Educação. Ela infelizmente não é prioridade no Brasil. Muitos recursos que chegam do governo não chegam a escola, ou se chegam, as obras ficam pela metade, impossibilitando o aluno a ter um pouco mais de conforto.

As divergências sociais são outro grande problema na Educação. Enquanto há Escolas modernas, com tecnologia adequada, há outras escolas com telhado de palha, bancos de madeira, sem conforto, sem merenda.

Estudar se transformou num sinônimo de decorar. O nível intelectual dos alunos hoje tem caído, razoes pela falta de interesse do aluno e/ou também pelo falta de motivação do professor, que sua razão está em seu pouco salário.

Apesar destes e de outros detalhes e pontos negativos de nossa Educação atual aqui no Brasil, o país teve e tem seus méritos no crescimento educacional, tais como a LDB, Fundeb, PCN, ProUni, entre outros, que fazem parte do utópico crescimento da Educação brasileira.

O Brasil é considerado um dos menores países onde o Governo Federal investe na Educação. O Valor investido no ensino fundamental nos EUA ou no Japão é quase nove vezes maior do que no Brasil, que está na 54ª posição pelo PISA – Programa internacional de avaliação dos estudantes. (NOCA ESCOLA, agosto de 2009).

A pesquisa também fala que os países mais bem colocados gastam uma quantidade maior de aluno do que o Brasil. O economista americano James Heckman diz que "...um país como o Brasil só conseguirá realmente alcançar altos índices de produtividade quando entender que é necessário mirar nos anos iniciais. Eles são decisivos par amoldar habilidades que servirão de base para que outras surjam" (VEJA, 10 de Junho de 2009).

O retrato da educação no Brasil é marcado por diferenças sociais gritantes e pela negligência do estado. Não é uma área que recebe o reconhecimento devido, apesar de ser um dos pilares da formação da sociedade. Com efeito, o Brasil tem pela educação uma dívida que deve ser reparada o mais rápido possível, pois não é viável a um país ser economicamente forte se não tiver uma educação qualificada.

A valorização dos profissionais da educação, ampliação das condições de acesso e permanência na escola e ampliação da qualidade do ensino oferecido são alguns dos desafios que se impõem a um ministro da Educação que, seriamente, deseje melhorar o sistema escolar brasileiro. Priorizar a educação é treinar o professor, é remunerá-lo de forma digna, de maneira que ele não se sinta ridicularizado pelas péssimas condições de trabalho.

É preciso que olhemos para a educação como um processo contínuo e eficaz. Tenhamos desta maneira um ambiente favorável para que crianças e jovens possam estudar sem preocupação com a violência.

Por fim, a educação Brasileira tem solução, e temos que acreditar e realizar isso, desde que seja realizado um trabalho de comprometimento de todos os envolvidos na educação. Contudo, a Educação hoje, comparada ao passado, está em um crescente estável. Apesar dela haver vários expoentes 'famosos', os verdadeiros construtores da utópica Educação estão dentro da sala de aula, vivendo no seu anonimato.

Apenas quando a Educação for pauta prioritária no Brasil, os brasileiros terão condições plenas de realizar seu desenvolvimento econômico, social e político. Que a prioridade não seja apenas construir grandes viadutos ou algo semelhante, mas sim, construir a grande sabedoria na mente dos alunos.

A IMPORTÂNCIA DAS TEORIAS FILÓSOFICAS PARA A EDUCAÇÃO

Desde a antiguidade o Homem preocupou-se em buscar respostas para si mesmo e para o mundo que se volta para ele. Encontrar essas soluções era significativo. Nos tempos antigos, na era de Pitágoras, Homero, Sócrates não era através de livros, palestras ou outros meios e sim, apenas pelo pensar.

Percorrendo o caminho do tempo, chegando aos confins de hoje, o buscar de respostas par ao homem se inicia na Escola, exercitando o aluno a trabalhar com sua mente, ou seja, o homem é levado a pensar desde sua infância. Deste modo, o pensar tem situado na história com ferramenta indispensável par ao Homem.

Se a filosofia é o exercício do pensar, de buscar a verdade, ou etimologicamente falando, “amigo da sabedoria”, ela é necessária para a Educação. Pois na Educação que o saber se eleva, se constrói. Se o modo de explorar a realidade desde a antiguidade foi pelo meio da reflexão, do pensamento, hoje não é diferente.

Hoje o papel da Filosofia é o mesmo desde o tempo de Platão. Levantar questionamentos, procurar a razão, buscar a verdade e se abster do próprio ponto de vista para aceitar a realidade que nos cerca.

Filosofia e Educação caminham juntas. É impossível falar em educação e não falar em Filosofia. Ainda que de forma inconsciente, o homem vivencia a filosofia em seu dia-a-dia.
Tendo a filosofia como o estudo que orienta o indivíduo
tanto na visão concreta na visão de vida, como seus valores e significados, é imprescindível quando se fala em conduta humana no geral.

Portanto no educar, que significa orientar, conduzir, que é uma influência deliberada e sistemática de um ser "maduro" para um ser "imaturo", através da instrução, ensino e disciplina e desenvolvimento "harmonioso" de todas as potencialidades do ser humano, pode-se afirmar que não existe educação sem a associação filosófica. Não se pode negar que todas as correntes filosóficas, deram contribuições super valorosas na construção da educação.
Ainda que o homem não tenha consciência, educar, ensinar, torna-se sinônimo de filosofar.

A educação esteve presente em toda a história junto com a Filosofia. Com Sócrates, o homem voltou-se para sim mesmo, ou seja, o homem começou a questionar. E este questionamento, este autoconhecimento do homem se dava, sobretudo com o diálogo mútuo. Sócrates era defensor do diálogo como método da Educação. É um ponto importante para o ensino, pois, atualmente é essencial que haja diálogo na sala de aula para um bom crescimento intelectual e humano também.

Ainda na antiguidade, para Platão e Aristóteles, apesar de possuírem pensamentos opostos, idealista e realista, respectivamente, a Educação tinha um ponto em comum: formava o homem moralmente, em seu caráter. Ou seja, a Educação transformava o homem.

Percorrendo dentro da modernidade, chegando até Kant, a afirmação de Platão não é muito diferente do mesmo. A Educação também transforma o homem em um indivíduo mais comportamental, ou seja, de boa vivência na lei moral.

Chegando à contemporaneidade, a reflexão feita por Sócrates é pressuposital à John Dewey. Na questão do diálogo, Dewey também afirmava de sua importância, principalmente nos trabalhos grupais. Outra semelhança é no método maiêutico de Sócrates. Dewey também pensava que o professor devia levar ao aluno conteúdos em forma de questões fazer com que o aluno refletisse, conseguisse uma resposta.

Durante a história, vários ramos de pensamentos surgiram, mas a forma de pensar é única e a problematização do ser também. E a Educação foi instrumento desde a origem do pensar, desde a origem da filosofia. Desta forma, não há como separar filosofia e Educação. A filosofia gera na Educação um método de estudo, um método de pensamento. Gera um conceito novo de viver, uma forma nova de ver a realidade.

Dentro da Educação não é somente para o aluno que a filosofia é importante.

As teorias são importantes para a formação do professor. Todo professor deveria ter em mente tais teorias para aperfeiçoar seu desempenho em sala de aula; estudar teorias, através da Filosofia da Educação, adentrando em filosofias atuais proporciona ao mestre qualidade no seu desempenho enquanto professor. Pensar sobre a formação do educador em nosso tempo consiste num grande desafio. A educação assume faces diferentes em cada período histórico, mas a essencialidade do professor em buscar a interação com seu aluno não modificou.

Para o aluno, que está numa evolução de conhecimento, de aprendizagem, a Filosofia é a essencialidade de sua busca do saber. A Filosofia estimula o pensamento, o estudo, o relacionamento humano e a liberdade da mente. A filosofia ajuda a partir do momento em que oferece subsídios suficientes para o desenvolvimento do aluno na atividade intelectual para pensar.

É imprescindível conhecer os filósofos, suas histórias, seus pensamentos, pois, são exemplos de homens que chegaram à uma realização, à uma busca pela verdade. São exemplos de como o aluno pode conseguir compreender o seu redor, de como a reflexão é importante para uma sociedade que anseia, e de como a autocrítica é de sumo valor para a sua maturidade.

A Filosofia é fundamental na vida de todo ser humano, visto que proporciona a prática de análise, reflexão e crítica em benefício do encontro do conhecimento do mundo e do homem. O educando, tendo a filosofia como companheira, se torna em um individuo de bom discernimento, de bom senso, possível a uma auto-avaliação e sempre buscara o novo.

LEITURA E ALFABETIZAÇÃO

Para alguns educadores alfabetização é a aquisição do sistema alfabético de escrita; outros, um processo pelo qual a pessoa se torna capaz de ler, compreender o texto e se expressar por escrito.

Paulo Freire responde através de uma carta a pergunta: para que alfabetizar?"[...] para que as pessoas que vivem numa cultura que conhece as letras não continuem roubadas de um direito – o de somar à 'leitura' que já fazem do mundo a leitura da palavra, que ainda não fazem". (FREIRE apud BARRETO apud MORAES, 2005)

A escola deve começar a ler para os alunos o mais cedo possível. Para os de família de baixa renda, está a cargo do professor provocar situações desse tipo, de que os outros dispõem desde que nascem. "A alfabetização não é um luxo nem uma obrigação; é um direito" (FERREIRO apud MORAES, 2005). O ensino inicial da leitura deve assegurar a interação significativa e funcional da criança com a língua escrita. Propiciar essa interação implica a presença incluída do escrito na aula, nos livros, nos cartazes que anunciam determinadas atividades, nas etiquetas que tenham sentido.

Implica, sobretudo, que os adultos encarregados na educação das crianças usem a língua escrita, quando for possível e necessário, diante delas, fazendo-as compreender, assim, seu valor comunicativo. Implica também realizar atividades que fomentem o prazer de ler (como ler para as crianças) e que permitam experimentar o poder da leitura para transportar-nos a outros mundos reais ou imaginários.

É importante desenvolver na escola projetos de leitura, pois; ao contar uma história para uma criança, tem-se a oportunidade de compartilhar emoções, despertar o prazer de escutar o outro e de estar em convivência com o grupo. Ao ouvir uma história, pode-se fazer e refazer, produzir e reproduzir, no sentido de reconstruir imagens na mente, imagens do passado, estimular a criatividade.

Infelizmente hoje a alfabetização passa numa lógica contrária.

"A alfabetização vem percorrendo caminhos [...] em que a leitura passou de elemento propulsor para elemento colaborador, substituindo o conceito de alfabetizar como ensinar a ler pelo de alfabetizar como ensinar a escrever, e a concepção de avaliação através de testes de leitura pela de avaliação através de testes de escrita. Nesse percurso, os livros para aprender a ler deram lugar a sucessivas folhas de exercícios que muitas vezes reproduzem em parte as páginas que neles havia". (ROSA; PEREIRA, 2008, p.48)

Muitas coisas que aprendemos na escola são esquecidas com o tempo, pois não a praticamos, através da leitura rotineira tais conhecimentos se fixariam de forma a não serem esquecidos posteriormente. Dúvidas que temos ao escrever poderiam ser sanadas pelo hábito de ler, talvez nem a tivéssemos, pois a leitura torna nosso conhecimento mais amplo e diversificado.

As avaliações nacionais de 2003 evidenciam um percentual de 55,4% de alunos que apresentam problemas sérios de leitura, sendo que 18,7% deles foram classificados no nível 'muito crítico' (BELINTANE, 2006).

Devido a esses dados, a inserção da leitura, no contexto escolar, deve ser de forma dinâmica e agradável, utilizando e, por exemplo, do caráter lúdico que pode ser dado às estratégias de leitura. Dessa forma, enquanto o aluno "aprende a ler", estará, ao mesmo tempo, desenvolvendo a sua noção de 'ser social', integrado num contexto ético e crítico.

O gosto de ler, portanto, será adquirido gradativamente, através da prática e de exercícios constantes. Nesse caso, o professor, sendo o principal agente no processo de melhoria da qualidade do ensino, poderá realizar uma série de atividades que favoreçam a aproximação do educando com a leitura, pois ela é a condição essencial para o bom desempenho da linguagem oral e escrita.

Sabe-se, também, que a escola tem papel fundamental na construção da identidade e da autonomia de cada aluno. Por isso, faz-se necessário, trabalhar não apenas leitura, mas todas as leituras que se apresentam no nosso dia-a-dia. Nas escolas em que circulam diversos tipos de textos, os alunos leem e escrevem mais rapidamente e se tornam capazes de buscar as informações de que necessitam.

Segundo Paulo Freire a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra (FREIRE, 1989). Aprendemos a ler o mundo antes mesmo de decodificar os sinais gráficos das letras. Assim, ler o mundo é tão importante quanto ler a palavra. A alfabetização é a criação ou a montagem da expressão escrita da expressão oral. Assim as palavras do povo, vinham através da leitura do mundo. Depois voltavam a eles, inseridas no que se chamou de codificações, que são representações da realidade. No fundo esse conjunto de representações de situações concretas possibilitava aos grupos populares uma "leitura da leitura" anterior do mundo, antes da leitura da palavra. O ato de ler implica na percepção crítica, interpretação e "re-escrita" do lido.

Em outras palavras Freire entende que se um texto só pode ser lido se o reescrevemos, o mesmo ocorre com a leitura da realidade. Para ele, não lemos apenas as palavras, os textos e os livros; lemos o mundo, isto é, tudo aquilo que está ao nosso redor. O mundo em que vivemos é um texto que exige uma leitura mais crítica. A leitura realmente passa a ter sentido quando lemos a realidade, a partir de nossos interesses e necessidades, para nos transformar e transformar o mundo.

O hábito da leitura é de extrema importância na formação intelectual do indivíduo, pois através dela, cria-se o espírito crítico-social. Ensinar a ler e escrever é alfabetizar, levar o aluno ao domínio do código escrito, isso feito principalmente na sala de aula, pois a mesma é o lugar da criação de um vínculo com a leitura.

O hábito de ler ou contar histórias constitui um precioso instrumento para o relacionamento, trata-se de um momento de aproximações, descontração e trocas. A leitura passa a ter uma importância muito grande, pois favorece as relações afetivas entre alunos e professores propiciando um momento de maior aproximação. Entre eles:

·Possibilita ampliação de vocabulário, organização de pensamento numa seqüência lógica (começo, meio, fim).

·Estimula a fantasia e a criatividade, desenvolvendo a imaginação.

·Ajuda a criança a elaborar e refletir sobre seus medos, ansiedades e perdas.

·Ajuda a criança a ter um posicionamento crítico, responsável e construtivo nas diferentes situações sociais, participando nas mediações de conflitos e nas decisões coletivas.

·Melhorar a utilização da linguagem para aperfeiçoar a qualidade de suas relações pessoais, sendo capaz de expressar seus sentimentos, idéias e opiniões, relatar experiências, acolhendo, interpretando, considerando e respeitando os diferentes modos de falar.

Aprende-se a ler vendo outras pessoas lendo, prestando atenção às leituras que o professor realiza oralmente, tentando ler, experimentando e errando, em um processo cujo resultado inicial será seguramente menos convencional do que o esperado, mas não muito diferente do que se produz com outras aprendizagens.

Atualmente, damos valor ao mercado de carros, computadores, petróleo, bolsa de valores, mas não percebemos que o mercado da leitura e da inteligência é de primordial importância. Devido a isto, é de suma importância desenvolver em nós uma "cultura de leitura", pois só assim seremos aprendizes e formadores de opinião em todo ambiente social e democrático que estivermos.

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

Etimologicamente, ler deriva do latim "lego/legere", que significa recolher, apanhar, escolher, captar com os olhos. Nesta reflexão, enfatizamos a leitura da palavra escrita.

Mas o que seria leitura? A leitura é uma experiência pessoal, a qual não depende somente da decodificação de símbolos gráficos, mas de todo o contexto ligado à história de vida de cada indivíduo, para que este possa relacionar seus conceitos prévios com o conteúdo do texto, e desta forma construir o sentido.(POSSEBON, 2008).

A prática da leitura se faz presente em nossas vidas desde o momento em que começamos a "compreender" o mundo à nossa volta. No constante desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas que nos cercam, de perceber o mundo sob diversas perspectivas, de relacionar a realidade ficcional com a que vivemos, no contato com um livro, enfim, em todos estes casos estamos de certa forma lendo, embora, muitas vezes, não nos demos conta.

As tecnologias do mundo moderno fizeram com que as pessoas deixassem a leitura de livros de lado, isso resultou em jovens cada vez mais desinteressados pelos livros, possuindo vocabulários cada vez mais pobres.

A leitura é algo crucial para a aprendizagem do ser humano, pois é através dela que podemos enriquecer nosso vocabulário, obter conhecimento, dinamizar o raciocínio e a interação. Muitas pessoas dizem não ter paciência em ler um livro, no entanto isso acontece por falta de hábito, pois se a leitura fosse um hábito rotineiro as pessoas saberiam apreciar uma boa obra literária, por exemplo.

A literatura de modo geral amplia e diversifica nossas visões e interpretações sobre o mundo e da vida como um todo. O hábito de ler deve ser estimulado na infância, para que o indivíduo aprenda desde pequeno que ler é algo importante e prazeroso, assim com certeza ele será um adulto culto, dinâmico e perspicaz.

"Num contexto onde a escrita e a leitura fazem parte das práticas cotidianas, a criança tem a oportunidade de observar adultos utilizando a leitura de jornais, bulas, instruções, guias para consulta e busca de informações específicas ou gerais; o uso da escrita para confecções de listas, preenchimento de cheques e documentos, pequenas comunicações e atos de leitura dirigidos a ela (ouvir histórias lidas). A participação nessas atividades ou a observação de como os adultos interagem com a escrita e a leitura gera oportunidades para que a criança reflita sobre o seu significado para os adultos". (AZENHA, 1999, p. 44).

Através da leitura todos se tornam iguais, com as mesmas oportunidades. A leitura, além de tornar o homem mais livre, possibilita que ele vá a muitos lugares que, sem a leitura jamais iria. "Através da leitura todos se tornam iguais, com as mesmas oportunidades. A leitura, além de tornar o homem mais livre, possibilita que ele vá a muitos lugares que sem a leitura jamais iria" (HOFFMANN, 2009).

A leitura para uns é uma atividade prazerosa para outros um desafio a conquistar, que somente será alcançado através de muito incentivo, das escolas das famílias e na sociedade. Um bom leitor não é aquele que lê muitas vezes o mesmo tipo de texto, mas aquele que lê diversos tipos de texto com profundidade.

Na formação de cada cidadão bem como de um povo, a leitura é de máxima importância, representando um papel essencial, pois se revela como uma das vias no processo de construção do conhecimento, como fonte de informação e formação cultural. Ademais, ler é benéfico à saúde mental, pois é uma atividade 'neuróbica', ou seja, a atividade da leitura faz reforçar as conexões entre os neurônios. Para a mente, ainda não inventaram melhor exercício do que ler atentamente e refletir sobre o texto.

A pessoa que lê conhece o mundo e conhecendo-o terá condições de atuar sobre ele modificando-o e tornando-o melhor, por que a leitura é o principal aspecto constituinte do pensamento crítico. O homem que não tem oportunidade de aprender a ler, certamente será 'excluído' da sociedade, ou melhor, não terá a mesma participação que aqueles que têm essa oportunidade.

EDUCAÇÃO E CULTURA

A educação tem, a princípio, como finalidade, promover mudanças desejáveis e relativamente permanentes nos indivíduos, e que estas venham a favorecer o desenvolvimento integral do homem e da sociedade. Portanto, é importante ressaltar que a educação atinja a vida das pessoas e do conjunto em todos os âmbitos, visando à expansão dos horizontes pessoais, o desenvolvimento humano, além da observação das dimensões econômicas e o fortalecimento de uma visão mais participativa, crítica e reflexiva dos grupos nas decisões dos assuntos que lhes dizem respeito.

“Não há ninguém que, tendo sido abandonado durante a juventude, seja capaz de reconhecer na sua idade madura em que aspecto foi descuidado, se na disciplina, ou na cultura (pois que assim pode ser chamada a instrução). Quem não tem cultura de nenhuma espécie é um bruto; quem não tem disciplina ou educação é um selvagem. A falta de disciplina é um mal pior do que a falta de cultura, pois essa pode ser remediada mais tarde, ao passo que não se pode abolir o estado selvagem e corrigir um defeito de disciplina”. (NETO, 2003 apud KANT, 1996, p.16).

A educação é um acontecimento pessoal. É pela educação que a cultura e a humanidade são transmitidas, conservadas e transformadas. Educação tem tudo a ver com devir humano. A escola se faz em um espaço de participação, de compartilhamento, de disputa e de negociação de sentidos que implicam em transformações na vida pessoal de cada um dos que a freqüentam e na vida social de todos. A escola é um espaço em que produzimos, transmitimos e criamos cultura.

No Brasil, o debate sobre as relações entre cultura popular e escola pública surge entre as décadas de 50 e 60, a partir do método Paulo Freire e de outros movimentos de educação popular, aparecendo o que se denominou educação popular. Educação esta que valoriza, sobretudo a cultura popular e que estaria, inicialmente, destinada ao povo, aos oprimidos, referindo-se nesta perspectiva à valorização desta cultura como meio de lutar contra a discriminação dos seus produtores e reforçar os grupos sociais que tem sua participação restrita na sociedade pela classe dominante, ou elite, cuja cultura seria, teoricamente, a erudita.

Infelizmente, o que observamos da realidade educacional, social e cultural do nosso Brasil, é que este não favorece o desenvolvimento do verdadeiro potencial do nosso povo, pois este vive, ou melhor, sobrevive aos favores das vontades dos poderosos. As escolas públicas que abrigam os alunos oriundos das camadas populares são vítimas de programas governamentais que nunca priorizam suas necessidades e nem oferecem condições reais para o melhoramento e avanço da educação brasileira, posto que não há como progredir sob o domínio de um Estado cujas medidas se mostram contrárias aos interesses populares, devido ao seu comprometimento com a classe dominante.

A educação tem também de enfrentar outros tipos de obstáculos que impedem o seu progresso tais como a necessidade de a criança trabalhar para complementar a renda familiar, a violência urbana que afasta os pobres da escola além das greves dos professores, que embora justas, prejudicam o bom andamento escolar.

Como a cultura, a educação sofre influências cada vez maiores do fator socioeconômico e do político, e é devido a esta conjuntura participativa que cresce o papel da educação em relação ao desenvolvimento como compromisso social. O desenvolvimento e a educação não podem ser vistos como idéias separadas, mas como um único conceito que se desdobra em uma cadeia de ações que se complementam. Assim o ensino deixa de ser exclusivamente da escola e o desenvolvimento se torna o maior meio de educação como prática social.

“Vivemos em uma sociedade de classes onde as desigualdades sociais, econômicas e políticas ultrapassam os limites da imaginação. Essas desigualdades são responsáveis pela situação de “apartação” reinante, na qual, muitas vezes, “rico” e “pobre” só se encontram em situações de faxina ou assalto. Por um lado condomínios de luxo, rodeados de grades de ferro, por outro, favelas que se estendem até os quatro horizontes, levando a justaposição, na mesma sociedade, de modos de vida radicalmente diferentes um do outro. É responsabilidade de todo cidadão zelar pela erradicação desta desigualdade, resultado de estruturas políticas e econômicas perversas”. (FONSECA, 2009, p. 03)

A reflexão sobre o papel da educação em uma sociedade cada vez mais de caráter multicultural, é recente e crescente no nível internacional e, de modo particular, na América Latina. No entanto, a gênese desta preocupação obedece a origens e motivações diferentes (sociais, políticas, ideológicas e culturais) em diversos contextos, como o europeu, o norte-americano e o latino-americano. De qualquer modo, é a própria concepção da escola, suas funções e relações com a sociedade, o conhecimento e a construção de identidades pessoais, sociais e culturais que está em questão.

Vivemos uma época em que a consciência de que o mundo passa por transformações profundas é cada dia mais forte. Esta realidade provoca em muitas pessoas e grupos, sentimentos, sensações e desejos contraditórios, ao mesmo tempo de insegurança e medo, potenciadores de apatia e conformismo como também de novidade e esperança, mobilizadores das melhores energias e criatividade para a construção de um mundo diferente, mais humano e solidário.

Globalização, multiculturalismo, pós-modernidade, questões de gênero e de raça, novas formas de comunicação, informatização, manifestações culturais dos adolescentes e jovens, expressões de diferentes classes sociais, movimentos culturais e religiosos, diversas formas de violência e exclusão social configuram novos e diferenciados cenários sociais, políticos e culturais.

A escola não pode ignorar esta realidade. O impacto destes processos no cotidiano escolar é cada vez maior. A problemática atual das nossas escolas de primeiro e segundo graus, particularmente as das grandes cidades, onde se multiplicam uma série de tensões e conflitos, não pode ser reduzida aos aspectos relativos à estruturação interna da cultura escolar e esta necessita ser repensada para incorporar na sua própria estruturação estas questões e novas realidades sociais e culturais.

No interior da cultura, recebemos, aprendemos, reproduzimos, transmitimos, transformamos e criamos o mundo e a humanidade por meio das práticas socioculturais. Podemos dizer que nos educamos e somos educados nessas práticas. Passamos a participar de um mundo humano.

Assim, a educação acontece em todos os lugares em que as pessoas estão se relacionando umas com as outras: na família, no trabalho, no templo, no quintal, no mato, etc. Em qualquer ambiente desses, alguém educa alguém com ou sem intenção de educar.

O processo pelo qual entramos em uma cultura e aprendemos a ser e a viver é denominado endoculturação. A endoculturação é diferente da aculturação, em que a cultura de um povo é negada pela cultura de outro povo.

A educação como endoculturação é forma que possibilita a convivência social em que compartilhamos, disputamos e negociamos o mínimo de valores, crenças, saberes, normas e símbolos. É, ao mesmo tempo, um acontecimento pessoal (educo-me com os outros) e social (sou educado pelos outros). E é, sobretudo, o modo como o humano se faz presente no próprio humano.

“Talvez a educação se torne sempre melhor e cada uma das gerações futuras dê um passo a mais na direção ao aperfeiçoamento da Humanidade, uma vez que o grande segredo da perfeição da natureza humana se esconde no próprio problema da educação. A partir de agora, isto pode acontecer. [...] Isto abre a perspectiva para uma futura felicidade da espécie humana”. (idem, p. 16-17)

Desde que nascemos vamos aprendendo a viver numa cultura que as gerações anteriores criaram. Essa transmissão cultural é a presença do humano no humano: a educação num sentido bem amplo, pela qual homens e mulheres se fazem humanos e educadores na vida.

Acontece que no movimento de transformação da cultura (criação de novos significados, de novos modos de trabalhar e de novas regras de convivência) a vida social transforma-se, a ponto de as pessoas precisarem se apropriar de saberes específicos para poderem participar das práticas sociais. Isso implica numa divisão do saber e do trabalho e na necessidade de novos saberes que possam dar conta de controlar a própria vida social.

Muito embora essa divisão signifique bem uma situação de desigualdade social, ela está presente na cultura e a escola tem a ver com ela. A escola foi criada como instituição educativa, isto é, para transmitir às novas gerações aqueles elementos culturais (saberes específicos) necessários para a participação na vida social, conforme a divisão do trabalho, do poder e do saber. “Na escola, vivemos nosso mundo, o mundo dos outros e compartilhamos, pensamos, imaginamos, planejamos, projetamos, criamos outros mundos juntos”. (BESSA, 2005). Uns aprendem e fazem certas coisas, outros aprendem e fazem outras coisas.

A necessidade de ensinar e de aprender saberes específicos para poder participar da vida social fez que a escola fosse inventada como lugar em que se cuida e se ensina às crianças coisas que não se aprende em casa nem na rua (saberes científicos e técnicos) e lugar em que se aprende (muitas vezes sem saber) de maneira diferente as coisas que se aprende em casa e na rua também (o “jeitão” humano de viver).

“Com isso, podemos pensar que homens e mulheres se tor­nam humanos quando podem experimentar em suas vidas a possibilidade de falar e de escutar os outros, de expressar-se e perceber os outros, de sentir-se e de sentir os outros in­tegralmente: como seres simbólicos, produtivos, sensíveis, morais e políticos. Podemos pensar, também, que o homens e mulheres vêm a ser o que são pela educação de que partici­pam com outros homens e mulheres”. (BESSA, 2005, p. 77)

A escola, mesmo sendo uma instituição criada especificamente para ensinar aquele mínimo de cultura necessária à convivência das diferenças é, como qualquer outra instituição social, um espaço em que produzimos, transmitimos e criamos cultura. Logo, é também um espaço educativo em sentido amplo: tem a extraordinária tarefa social de criar intencionalmente as condições educativas para que possamos receber, desconstruir e reconstruir o mundo humano já construído.

A escola, em sua tarefa social, educa tanto para a obediência aos costumes (padrões de comportamento) da comunidade e da sociedade como pode educar para um posicionamento crítico e autônomo em relação a esses padrões.

Para tanto, é preciso integrar a cultura à questão educacional, porque a educação é resultado das práticas culturais dos grupos sociais. O próprio processo de ensinar e aprender revela essas práticas. Sabemos que todos os seres humanos têm cultura, e que a cultura não é inata nas pessoas, mas é adquirida na convivência em grupo. E o lugar ideal para a aquisição, desenvolvimento e conscientização da importância da cultura, ainda é a escola. Nela alunos e professores trocam experiências, vivências e singularidades. Convivem diariamente com as diferenças e praticam a “inclusão cultural”.

A reflexão sobre educação não se esgota jamais. O processo educativo, seja o formal transmitido pela escola, seja o obtido através da experiência de vida não é temporário e se presta a insistentes debates e intenso estudo.

A pedagogia, como bem nos aponta o verbete do dicionário, trabalha com uma série de técnicas, fundamentações teóricas, experiência, conhecimento elaborado, com ideais educativos que passam a ser ideais de vida; portanto, a pedagogia pode-se dizer, mobiliza o indivíduo por inteiro. O papel da escola, no mundo da educação, é o de questionar criticamente os modos de pensar, de sentir, de atuar e os resultados dessa atuação das gerações humanas. Em síntese, o papel da escola perante as demandas contemporâneas seria o de recriar a cultura na escola e a cultura que nos rodeia.

ANTROPOLOGIA CULTURAL

Entre as antropologias existentes hoje, filosófica, biológica, cultural, social, física, de cunho pesquisador e investigador, particularmente verificaremos a antropologia cultural.

A antropologia cultural dedica-se primordialmente ao desenvolvimento das sociedades humanas no mundo. Estuda os comportamentos dos grupos humanos, as origens da religião, os costumes e convenções sociais, o desenvolvimento técnico e os relacionamentos familiares.

Para o antropólogo a palavra cultura adquire uma outra dimensão do que a que convencionalmente entendida. Não se trata de identificá-la, com sabedoria ou sofisticação, como é comum associar-se essa palavra, mas sim de utilizá-la para definir tudo aquilo que o homem faz, pois, para o antropólogo, cultura é forma de vida de um grupo de pessoas, uma configuração dos comportamentos aprendidos, aquilo que é transmitido de geração em geração por meio da língua falada e da simples imitação.

Não existe produção humana que não seja cultural. Com ela e a partir dela os humanos se relacionam com o mundo, consigo mesmos e com suas criações. O Homem é um existente que tem consciência de si e do mundo que o circunda. Mas isso não é suficiente para explicá-lo. O Homem é mais do que isso, ele é complexo, pois é insatisfeito; é insatisfeito porque pensa e faz escolhas. “Quando o homem compreende sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e com seu trabalho pode criar um mundo próprio: seu eu e suas circunstâncias” (FREIRE, 1983).


“As relações que o homem trava no mundo com o mundo (pessoais, impessoais, corpóreas e incorpóreas) apresentam uma ordem tal de características que as distinguem totalmente dos puros contados, típicos da outra esfera animal. Entendemos que, para o homem, o mundo uma realidade objetiva, independente dele, possível de ser conhecida. É fundamental, contudo, partirmos de que o homem, ser de relações e não só de contatos, não apenas está no mundo, mas com o mundo. Estar com o mundo resulta da sua abertura à realidade, que o fazer o ente de relações que é” (OLIVEIRA, 1983 apud FREIRE, 1969, p. 111).

O homem é um ser cultural, mas a cultura não é tudo no ser humano. A cultura, essa capacidade re-criadora, permite ao Homem re-produzir o mundo dinamizando a existência dos existentes. O fato de estar sempre criando ou re-criando sua obra ou suas manifestações faz da cultura uma das marcas mais tipicamente humanas, pois é principalmente pela sua capacidade de recriar o mundo e as manifestações culturais que o homem se diferencia dos demais existentes.

O homem é também cultura e/ou social devido ao seu relacionamento com o outro. Uma outra diferença entre o homem e os outros seres é a sua comunicação e/ou diálogo. O falar é seu principal tesouro, sua herança divina. Sem o diálogo o homem não seria ‘o homem’, ou como dizia Karl Jaspers: “O homem não é assim um ser fechado em sim mesmo. A auto-realização da existência humana se processa, portanto, na comunicação e no encontro com o outro através do diálogo” (OLIVEIRA, 1983), e também Gabriel Marcel: “O encontro com a vida se dá quando o homem encontra-se consigo mesmo. Mas esse encontro só é possível através do diálogo, isto é, através do outro que o homem se descobre ou se afirma plenamente como pessoa” (OLIVEIRA, 1983).

O Homem se caracteriza a partir de diferentes e diversas dimensões, mas não se limita a eles. Uma dessas dimensões, talvez uma das mais amplas e complexas para o entendimento seja a cultura. O Homem não se limita ao mundo natural; ele o transcende e o transforma. Transcende porque tem expectativas que não se limitam ao mundo como ele se apresenta e nem à sua materialidade. Transforma porque o recria constantemente, imprimindo sua marca: a marca da cultura. Em razão disso é que dizemos que o Homem se humaniza produzindo seu mundo, gerando sua marca cultural ou as diferentes manifestações culturais.

Uma das capacidades que diferenciam o ser humano dos animais irracionais é a capacidade de produção de cultura:

“Todas as pessoas têm cultura. Melhor dizendo, todas as pessoas vivem de acordo com uma determinada cultura. A cultura abrange a maneira de viver (agir, pensar e sentir) de um povo. Maneira de viver que pode ter aspectos comuns e aspectos diferentes em relação à maneira de viver de outros povos. A forma de organização social de um povo, portanto, também parte de sua cultura.” (PILETTI, 1999, p. 210).

Cultura significa tudo aquilo que deve sua origem à intervenção, livre e consciente do homem. Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, lingüísticas e comportamentais de um povo ou civilização. É a herança que determinada sociedade transmite à seus membros através da educação sistemática e da convivência social. Portanto, fazem parte da cultura de um povo as seguintes atividades e manifestações: música, teatro, rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, hábitos alimentares, danças, arquitetura, invenções, pensamentos, formas de organização social, etc.

O conceito de cultura é bastante complexo. Em uma visão antropológica, podemos o definir como a rede de significados que dão sentido ao mundo que cerca um indivíduo, ou seja, a sociedade. Essa rede engloba um conjunto de diversos aspectos, como crenças, valores, costumes, leis, moral, línguas, entre outros.

Há também outros três significados sobre cultura:

Primeiro, significa que cultura pode ser entendida num sen­tido bem amplo como o conjunto de práticas pelas quais os homens agem sobre e transforma o que está na natureza, tor­nando-se co-responsáveis com a natureza por aquilo que se tornam.

Segundo, significa que cultura é a forma de viver dos hu­manos e, ao mesmo tempo, o nosso jeito de viver em grupos sociais específicos. Assim, no primeiro caso, falamos em cul­tura no singular, como aquilo que diferencia os homens de tudo que existe na natureza. Já no segundo caso, precisamos falar em culturas, no plural, como o que diferencia os homens entre si. Mas não podemos deixar de notar que esses concei­tos e diferenciações são criados pelos próprios homens!

Terceiro, significa o conjunto de conhecimentos, de valo­res, de crenças, de idéias e de práticas de um grupo social e ou de um povo e ou de uma época.

Com esses três significados percebe-se que cada um de nós, homens e mulheres, nos tornamos o que somos quando produzimos e adquirimos cultura; aprendemos e construímos nosso modo de viver socialmente. Nesse sentido, podemos chegar à conclusão de que é impossível que um indivíduo não tenha cultura, afinal, ninguém nasce e permanece fora de um contexto social, seja ele qual for.

“Todas as pessoas, ao longo da vida, adquirem conhecimentos (a língua materna, uma profissão, etc.), crenças (religião, por exemplo), hábitos (modo de vestir, costumes alimentares, etc.), normas de comportamento (o que se pode e o que não se pode fazer); e todos utilizam diversos instrumentos (lápis, caderno, enxadas, carros, máquinas, etc.) para realizar suas atividades. Tais conhecimentos, crenças, hábitos, normas e instrumentos fazem parte da cultura.” (PILETTI, 1999, p. 210).

O jeito de viver humano é um jeito de viver sociocultural e envolve três elementos muito importantes que ajudam a padronizar o comportamento de um grupo social: a linguagem, o trabalho e os valores, com os quais produzimos e transformamos coisas e idéias, nos comunicamos, decidimos o que é e o que não é importante e organizamos nossas relações, criando regras para a vida social.

Homens e mulheres produzem cultura e são produzidos nela como humanos, então, na medida em que significam (práticas de linguagem), agem (práticas de trabalho) e valorizam (práticas de valorização) a natureza e o que eles mesmos produzem. Com isso criam regras que orientam as relações sociais. Assim, construímos o nosso mundo e nos fazemos presentes na natureza.

A condição de viver, de pensar e de organizar a vida coletiva (vida social), como percebemos, é o que movimenta o processo de autocriação humana, de produção da humanidade e da cultura. A cultura ao formar o homem, ao proporcionar-lhe a sua dimensão humanística, enriquece a natureza. Acrescenta algo à natureza. Assim, passaremos do estado natural ao estado cultural, que se manifesta em várias atividades, e tanto se faz sentir na própria natureza física, por exemplo, nas culturas dos campos, como cultivar a terra e como na cultura humana que se traduz pela criação da filosofia, da matemática, da tecnologia, da economia, da física, da sociologia, da política, etc.

Os modos diferentes de organização de grupos sociais (família, comunidade, categorias profissionais, etc.) podem tornar as pessoas desses grupos diferentes entre si, pelo cultivo ou não dos costumes e padrões de comportamento próprios de cada grupo.

“O homem enche de cultura os espaços geográficos e históricos. Cultura é tudo o que é criado pelo homem. Tanto uma poesia como uma frase de saudação. A cultura consiste em recriar e não repartir. O homem pode fazê-lo porque tem uma consciência capaz de captar o mundo e transformá-lo. Isto nos leva a uma segunda característica da relação: a conseqüência, resultante da criação e recriação que assemelha o homem a Deus. O homem não é, pois, um homem para a adaptação. A educação não é um processo de adaptação do individuo à sociedade. O homem deve transformar a realidade para ser mais (a propaganda política ou comercial fazem do homem um objeto)” (FREIRE, 1983, p. 30).

A cultura em si, é aquilo que faz com que o Homem seja aquilo que é, numa sociedade específica e num tempo próprio. Falar de cultura é, essencialmente, falar do Homem, das suas faculdades, do seu desenvolvimento, da sua maneira de ver e entender o cosmos, de compreender o sobrenatural. A cultura é o desejo permanente e incessante do Homem se conhecer, crescer no mundo e escrever a história.
A palavra cultura pode, também, exprimir a totalidade, ou uma parte do pensamento e das ações que distinguem uma sociedade de outras. Assim, podemos dizer que o fator cultural na vida dos povos, é o que de mais essencial faz perpetuar a sua maneira de ser e de estar no mundo. Deste modo, podemos afirmar que há uma pluralidade de culturas que convivem em diferentes tempos e lugares.
Por fim, ressaltando, todos os seres humanos têm cultura, e que a cultura não é inata nas pessoas, mas é adquirida na convivência em grupo. E o lugar ideal para a aquisição, desenvolvimento e conscientização da importância da cultura, ainda é a escola. Nela alunos e professores trocam experiências, vivências e singularidades. Convivem diariamente com as diferenças e praticam a “inclusão cultural”.

PENSAMENTO ANTROPOLÓGICO

Entende-se por antropologia (cuja origem etimológica deriva do grego άνθρωπος anthropos, (homem / pessoa) e λόγος (logos - razão / pensamento) a reflexão do homem e de sua natureza. Desta forma, a tarefa da Antropologia, é o questionamento acerca do homem, do lugar que o mesmo ocupa no universo e de sua função como fazedor da história e criador de culturas.

“Não é possível fazer uma reflexão sobre o que é a educação sem refletir sobre o próprio homem. Por isso, é preciso fazer um estudo filosófico-antropológico” (FREIRE, 1983). Desde os tempos mais remotos, quando o homem se espantou com a natureza e com tudo o que nela existia, incluindo a si próprio, este nunca mais deixou de ser estudado, admirado e ainda hoje incognoscível.

Quem primeiro se inclinou a estudar o homem foi Sócrates, filósofo grego do final do século V e IV a.C., que dizia “Conhece-te a ti mesmo”. “Enquanto as maneiras de ser ou de agir de certos homens forem problema para outros homens, haverá lugar para uma reflexão sobre essas diferenças que, de forma sempre renovada, continuará a ser o domínio da antropologia” (ALVES, 2006 apud STRAUSS, 2000). A definição mais comum a se perpetuar por mais tempo foi a de que o homem é um animal racional, defendida por muitos filósofos importantes de gerações passadas como: Descartes, Spinoza, Kant, Hegel e outros. Mas muito já mudou, e hoje são muitas as definições que temos, baseadas em características do homem. Como a de que este é um ser livre, segundo Sartre; para Gabriel Marcel, um ser problemático; para Luckmann, um ser religioso.

Dentre as diversas culturas mundiais, há várias concepções sobre o homem. A seguir estão as três principais visões sobre o homem:

- visão racional do homem: de acordo com essa visão, o que mais distingue o homem dos demais animais é o fato de que ele é um ser racional. A razão é o orgulho e glória para o homem. O homem inteligente é o homem virtuoso. Conhecer o que é certo é praticá-lo.

- visão religiosa do homem: para a tradição judeu-cristã o homem é compreendido, inicialmente, do ponto de vista de sua origem divina. Ele é um ser criado por Deus a sua imagem e semelhança. O homem se situa onde a natureza e o espírito se encontram. Sua consciência está sempre lhe lembrando que ele deve e é capaz de produzir o bem, pois o bem é aquilo que tem valor para a pessoa. No islamismo, é a orientação de Deus que dá ao homem coragem para enfrentar os problemas diários. O dever do homem é observar as leis divinas e submeter-se à vontade do Deus único (Alá). Para o hinduísmo, o homem deve apoderar-se da vida eterna que é indestrutível e imperecível. E para o budismo, a existência humana é em termos uma migração para a outra vida.

- visão científica do homem: o homem é tido como a mais complexa forma de vida e pode ser entendido pelas mesmas leis que governam todas as outras matérias.

Para Paulo Freire o homem é entendido como um ser que se faz, em suas relações no mundo, com o mundo e com os outros, pelo trabalho livre, graças ao exercício de sua condição de ser criativo e curioso. Possui alta potencialidade para se desenvolver enquanto vive em equilíbrio na sociedade.

DIDÁTICA

A pedagogia constrói o aluno. A construção é a interação do aluno com o professor. O professor deve conhecer os seus alunos: "antes de qualquer estímulo que sirva para detectar as condições de prontidão da criança, nada melhor do que conhecê-la. E para tal, uma forma agradável de iniciar o contato seria oferecer oportunidades para a criança falar de si mesma" (NICOLAU; MAURO, 1986).E antes de conhecer, primeiramente deve gostar de seus alunos, gostar de seu ofício. Ensinar não deve ser meramente uma profissão e sim uma vocação, do qual o professor se orgulhe do que faz. A didática parte do espírito do professor. O método da didática define o aprendizado do aluno, pois a educação é intencional. Deste modo, o professor deixa sempre uma marca ao aluno: "um bom professor é lembrado nos tempos de escola" (CURY, 2003).

A didática é a prática pedagógica do qual se constrói o aprendizado do aluno. Esta construção se efetua quando, como já foi dito, o professor conhece seus alunos. E o processo de conhecimento se dá no diálogo.

"Dirigindo a conversa com a criança, o professor pode fazer com que ela diga seu nome, sua idade, data de aniversário, nome dos pais, no que os pais trabalham, como é a sua família, quantos irmãos tem, onde e no que trabalham. Recupera-se, assim, a identidade da criança, valoriza-se o seu contexto familiar, considerando-a como interlocutor. E o professor obtém dados que permitem construir uma configuração social do seu grupo-classe. Outros temas podem tornar-se objeto dessa conversa de aproximação com a criança. Conversar com a criança sobre o trajeto de casa à escola, os fatos pitorescos normalmente observados nesse trajeto; as fontes de medo e ansiedade que porventura apresentem; as coisas do que gosta e sabe fazer, aquelas que acham difíceis; suas preferências; brinquedos de casa e de escola, tudo isso contribui para que haja uma aproximação e uma troca interpessoal entre professores e alunos. O importante é deixar a criança à vontade, propiciando-lhe condições para que se dê a conhecer e que o educador venha a amá-la, respeita-la e compreendê-la". (NICOLAU; MAURO. 1986 pª 25).


O professor deve criar um vínculo com a criança. Através de sua criatividade, sua amizade, seus dons, ele conquista o aluno. Cada aluno não é mais um número na sala de aula, mas um ser humano abrangente, como necessidades particulares. O professor possui sensibilidade para falar ao coração dos seus alunos. Ensinar é transmitir o que se sabe a quem quer saber, portanto, é dividir a sabedoria. É um gesto de generosidade, humanidade e amor. A relação entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles.

"Com o objetivo de "desalienar a população" com vistas a sua conscientização, Freire criou a "pedagogia do diálogo" orientando que a relação educando – educador se desse de forma horizontal. De acordo com essa visão, o processo educativo tem como ponto de partida "as situações vividas" pelo educador na realidade do educando. Nesse processo, a relação "educador-educando" converte-se na relação "educando-educador e educador-educando" da qual brotam os "temas geradores" ou "palavras geradoras" para serem trabalhadas nos círculos de cultura. Dessa forma, os círculos de cultura ocupavam-se dos temas geradores ou palavras geradoras que emanavam do diálogo sobre as experiências e dificuldades vividas pelo educando, compartilhadas pelo educador. Os "temas geradores" ou as "palavras geradoras" deviam ser aprofundadas na perspectiva da "problematização", desenvolvendo no educando "uma visão crítica" de sua realidade". (BIZERRA, 2001 pª 267).

Mesmo sabendo que esta é uma ferramenta difícil, o professor deve passar ao aluno o gosto pelo estudo: "Ao demonstrar o prazer de aprender com o aluno e agradecer-lhe, olhando-o no fundo dos olhos, o professor passa sentimentos progressivos que, com certeza, vão agradar bastante o aluno" (TIBA, 2006). Esse aluno vai sentir na sua alma o prazer e a utilidade de ensinar.

A sala de aula é um dos espaços privilegiados, onde o conhecimento é construído, compartilhado e reconstruído. Os vínculos estabelecidos entre professor e aluno são muito fortes para o desenvolvimento pessoal e intelectual do aluno. A sala de aula é uma grande rede de interações sociais. E, para que essa organização funcione como instrumento de aprendizagem, é muito importante que haja uma boa comunicação entre o professor e os alunos: "a sala de aula não é um exercício de pessoas caladas nem um teatro onde o professor é o único ator e os alunos, espectadores passivos. Todos são atores da educação. A educação deve ser participativa". (CURY, 2003)

Nas interações, em sala de aula, cada aluno tem o direito de expressar suas idéias, de mostrar o seu jeito próprio de ver o mundo. E tem um jeito criativo de inventar tarefas, de promover o aprendizado. Cada aluno sabe algo que seus colegas e seu professor não sabem. É muito importante conseguir que os alunos façam parte de sua própria aprendizagem.

"O professor deve aprender rapidamente o nome dos alunos que é uma forma básica de aproximação entre os dois: pesquisas indicam que as crianças desenvolvem atitudes mais positivas quando a relação com os professores é mais calorosa. Se ao contrário é marcada pela distância, pela frieza, os alunos vão reagir através da oposição aberta à aula ou ao professor. Outra atitude do professor está relacionada a manter o "radar" em funcionamento: os professores de sucesso tendem a ressaltar no diálogo com os alunos os aspectos curriculares em prejuízo do mau comportamento, ou seja, a centralidade do professor sobre os comportamentos de indisciplina pode constituir-se como um reforço dos mesmos" (WILD, 2009 pª 04)

Professor e aluno aprendem juntos. O diálogo é de suma importância para esta interação. Deve haver colaboração de ambos, a união numa base empática. Neste diálogo se diverge a honestidade, do qual se entrará em um clima de confiança. Favorecer este diálogo é algo que não ocorre de maneira espontânea, pois, o professor deve ter um conhecimento atento de sua turma. A interação em sala de aula é um dos aspectos que contam para o bom desenvolvimento da aprendizagem.


O aluno entra na escola e sai diferente de como entrou. Esse "sair" significa o aluno ter adquirido idéias próprias, ter tornado auto-crítico.

O aluno aprende a ser crítico a partir da interação entre este e o professor. Não se pode ficar apenas nas respostas de livros. O aluno deve ter auto-conhecimento, auto-crítica, replicar suas questões e dúvidas. É preciso adquirir idéias próprias, ser racionalista nos estudos.

O professor deve fazer com que o aluno trabalhe suas questões: "Quando o professor começa uma aula contando uma notícia relacionada ao conteúdo da aula do dia e pede comentários aos alunos, está dissimulando a capacidade de compreensão, interpretação e comunicação dos que sabem, bem como a curiosidade dos que não sabem. (TIBA, 2006).

O professor deve fazer com que o aluno fale, responda, discuta, debata. É preciso fazer com que o aluno exercite.

"O professor-orientador dirige as explicações recebidas ao tema que interessa à aula, pedindo aos alunos que sabem para explicarem aos que não sabem. Além de estimular o entrosamento entre os alunos, cria-se um bom "ibope" com o professor-orientador, cuja aula passa a ter a responsabilidade de alinhavar as informações, complementando com tópicos de que ele precisaria falar. E o que torna uma informação mais atraente são os temperos do humor, da clareza, além da sua assertividade e utilidade" (TIBA, 2006 pª 42).

A sociedade atual pede seres humanos dotados com criatividade, inteligência, capazes de resolver questões e assumir responsabilidades próprias. Para tempos novos, obras novas.Devido a isso hoje o aluno deve construir seu pensamento próprio. "O objetivo fundamental é ensinar os alunos a serem pensadores e não repetidores de informações" (CURY, 2003). Os alunos de hoje serão os médicos, advogados, cientistas e políticos do amanhã.

Promover o aluno a um estudo crítico e/ou uma busca por idéias particulares, a Escola coopera para a construção e promoção social, isto é, o aluno se torna responsável pelo meio social em que ele vive, permite conhecer e ouvir o outro, o egocentrismo se torna uma universalidade recíproca. A partir da aprendizagem se parte uma construção para a vida. Tudo parte da aprendizagem, ou como disse Piaget: "Não se pode ter aprendido sem algum pensamento, nem se pode desenvovler o pensamento sem algum aprendizado" (FURTH; WACHS, 1979).